Citação de Jan Ferrer em 13/09/2023, 09:12Por que não sou aprovado em nenhuma entrevista de emprego?
Com este título o colunista Marco Tulio Zanini da sua coluna na Revista Valor Econômico, respondeu a um leitor que está em busca de nova colocação funcional, mas não tem tido sucesso nos processos seletivos.
"Tenho uma boa experiência e nos últimos anos venho me qualificando cada vez mais na área de tecnologia. Ou seja, não tenho um currículo ruim, pelo contrário. Até o início desse ano sempre recebia propostas de emprego e convites para entrevistas. Atualmente estou em uma empresa que não me traz felicidade e nem agrega em minha carreira. Estou, infelizmente, apenas por causa do dinheiro. Mas quando me candidato para uma vaga, só recebo o e-mail padrão de que 'vamos seguir com outro'. Antes achava que era questão de idade e removi essa informação do meu CV. Mas as recusas persistem. O que estou fazendo de errado?" Gerente de Produtos, 46 anos
E no bloco a seguir podemos ler o aconselhamento dado pelo colunista:
Prezado Gerente de Produtos,
Com base na sua carta, não é possível lhe dizer o que você pode estar fazendo de errado. Ou mesmo se você de fato está fazendo algo de errado. Talvez faça sentido você reavaliar as suas premissas. A primeira delas, que fica clara na sua carta, é : quanto mais qualificação melhor para obter qualquer vaga. Isso não é necessariamente verdade. Um currículo muito bom “comunica” um candidato com uma certa senioridade e talvez uma perspectiva salarial incompatível com a da vaga. Não é raro que as empresas procurem pessoas mais juniores e com menos qualificação porque precisam pagar menos e a vaga talvez não demande uma excelente formação.
Outra questão é associar a falta de convites a algo que você esteja fazendo de errado. O mercado esteve muito aquecido desde a pandemia para profissionais de tecnologia. Talvez agora tenha atingido um certo ponto de saturação. Não tenho esses dados de forma objetiva, mas observo que o volume de buscas parece de fato ter diminuído.
Outro fato que precisamos questionar é se aplicar para vagas é o melhor caminho para um profissional mais qualificado. Normalmente as vagas abertas de livre submissão de currículo são mesmo para profissionais em começo de carreira. O processo de contratação de executivos normalmente é diferente desse. Logo, talvez algo para se questionar é se você estava mais ativo nas suas redes de relacionamento quando estava recebendo mais propostas e se agora está mais afastado, até para fazer mais programas de qualificação.
Uma quarta questão é se nesse ponto da sua carreira a qualificação em tecnologia é a que mais te favorece na busca de uma vaga. Uma pessoa mais experiente e com mais tempo de carreira talvez se beneficie de uma formação em gestão. Não tenho como avaliar como um profissional de recrutamento e seleção olha para um currículo com muita carga de formação em tecnologia. Mas, pelo que observo, há uma certa expectativa que depois de uma fase na carreira o profissional mais ambicioso renuncie às funções de especialista e desenvolva habilidades de gestão e liderança. Será que no texto do seu currículo as suas habilidades gerenciais aparecem? Não é raro vermos currículos em que a parte da formação técnica é descrita de forma bastante robusta, mas a experiência gerencial/profissional não é valorizada. Descrever as atividades de gestão e liderança, mesmo que em um pequeno parágrafo, talvez seja necessário para passar essa mensagem.
A minha sugestão é para que você olhe para o que escreveu no seu currículo e para a forma como escreveu e tente se colocar na posição de alguém que está selecionando para a vaga que você deseja. No seu texto e nas submissões que você realiza você valoriza aquilo que talvez tenha te rendido os convites que você recebeu? Às vezes temos muito mais com o que contribuir do que revelam as letras frias dos currículos e das cartas de intenção.
Te desejo sorte nas próximas e tranquilidade nessa espera. Não é raro que as melhores oportunidades não apareçam logo de cara.
Você já passou por situação similar?
Compartilhe conosco sua experiência e sua opinião.
Abraço.
Paulo Bulakis
Por que não sou aprovado em nenhuma entrevista de emprego?
Com este título o colunista Marco Tulio Zanini da sua coluna na Revista Valor Econômico, respondeu a um leitor que está em busca de nova colocação funcional, mas não tem tido sucesso nos processos seletivos.
"Tenho uma boa experiência e nos últimos anos venho me qualificando cada vez mais na área de tecnologia. Ou seja, não tenho um currículo ruim, pelo contrário. Até o início desse ano sempre recebia propostas de emprego e convites para entrevistas. Atualmente estou em uma empresa que não me traz felicidade e nem agrega em minha carreira. Estou, infelizmente, apenas por causa do dinheiro. Mas quando me candidato para uma vaga, só recebo o e-mail padrão de que 'vamos seguir com outro'. Antes achava que era questão de idade e removi essa informação do meu CV. Mas as recusas persistem. O que estou fazendo de errado?" Gerente de Produtos, 46 anos
E no bloco a seguir podemos ler o aconselhamento dado pelo colunista:
Prezado Gerente de Produtos,
Com base na sua carta, não é possível lhe dizer o que você pode estar fazendo de errado. Ou mesmo se você de fato está fazendo algo de errado. Talvez faça sentido você reavaliar as suas premissas. A primeira delas, que fica clara na sua carta, é : quanto mais qualificação melhor para obter qualquer vaga. Isso não é necessariamente verdade. Um currículo muito bom “comunica” um candidato com uma certa senioridade e talvez uma perspectiva salarial incompatível com a da vaga. Não é raro que as empresas procurem pessoas mais juniores e com menos qualificação porque precisam pagar menos e a vaga talvez não demande uma excelente formação.
Outra questão é associar a falta de convites a algo que você esteja fazendo de errado. O mercado esteve muito aquecido desde a pandemia para profissionais de tecnologia. Talvez agora tenha atingido um certo ponto de saturação. Não tenho esses dados de forma objetiva, mas observo que o volume de buscas parece de fato ter diminuído.
Outro fato que precisamos questionar é se aplicar para vagas é o melhor caminho para um profissional mais qualificado. Normalmente as vagas abertas de livre submissão de currículo são mesmo para profissionais em começo de carreira. O processo de contratação de executivos normalmente é diferente desse. Logo, talvez algo para se questionar é se você estava mais ativo nas suas redes de relacionamento quando estava recebendo mais propostas e se agora está mais afastado, até para fazer mais programas de qualificação.
Uma quarta questão é se nesse ponto da sua carreira a qualificação em tecnologia é a que mais te favorece na busca de uma vaga. Uma pessoa mais experiente e com mais tempo de carreira talvez se beneficie de uma formação em gestão. Não tenho como avaliar como um profissional de recrutamento e seleção olha para um currículo com muita carga de formação em tecnologia. Mas, pelo que observo, há uma certa expectativa que depois de uma fase na carreira o profissional mais ambicioso renuncie às funções de especialista e desenvolva habilidades de gestão e liderança. Será que no texto do seu currículo as suas habilidades gerenciais aparecem? Não é raro vermos currículos em que a parte da formação técnica é descrita de forma bastante robusta, mas a experiência gerencial/profissional não é valorizada. Descrever as atividades de gestão e liderança, mesmo que em um pequeno parágrafo, talvez seja necessário para passar essa mensagem.
A minha sugestão é para que você olhe para o que escreveu no seu currículo e para a forma como escreveu e tente se colocar na posição de alguém que está selecionando para a vaga que você deseja. No seu texto e nas submissões que você realiza você valoriza aquilo que talvez tenha te rendido os convites que você recebeu? Às vezes temos muito mais com o que contribuir do que revelam as letras frias dos currículos e das cartas de intenção.
Te desejo sorte nas próximas e tranquilidade nessa espera. Não é raro que as melhores oportunidades não apareçam logo de cara.
Você já passou por situação similar?
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Abraço.
Paulo Bulakis